11 setembro 2013

mais uma actualização, mais uma voltinha

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Nos últimos tempos, a taxa de mudanças e actualizações do Facebook tem sido alucinante. Mal nos habituamos a uma funcionalidade, surge outra nova, se achamos que já conhecemos as regras, na semana seguinte muda tudo outra vez. Esta política de tentativa e erro é, para manter o tom do texto educado, uma tremenda dor de cabeça para quem gere páginas de Facebook. Talvez o objectivo seja esse, manter os social media managers em permanente estado de alerta, sempre prontos a saltar pelo aro ao mínimo estalido do chicote.

Um dos últimos anúncios feitos pelo Facebook diz respeito à actualização do algoritmo do feed de notícias que, através de uma análise factorial, irá garantir que o conteúdo de qualidade tem sempre prioridade em termos de visibilidade (podem ler mais aqui). Uma boa notícia? Na teoria sim mas, na prática, custa-me um pouco a perceber se um pedaço de código, por mais sofisticado que seja, conseguirá perceber se o conteúdo que me está a chegar, neste momento, tem qualidade suficiente para me fazer interagir com ele ou, até, se é merecedor de dois segundos de permanência no meu feed de notícias.

Um exemplo de conteúdo que irá ser penalizado são os memes (link), que, na óptica do Facebook, ilustram na perfeição o que é falta de qualidade. Certamente que alguns concordam, outros discordam, eu limito-me a perguntar: se eu gosto de imagens foleiras, porque raio é que uma plataforma deve decidir que não as devo receber? Pior, porque é que há-de penalizar uma página que eu escolhi seguir e que me faz chegar conteúdos que me interessam?

Há inúmeros exemplos de páginas com conteúdos de má qualidade que tem taxas de interacção absurdas e, por mais que se abane a cabeça em reprovação, se o público gosta, o público recebe. Se o público gosta, o público interage, faz like, deixa comentário, partilha e recomenda aos amigos. É essa, parece-me a essência de toda esta brincadeira: perdemos tempo da nossa vida a interagir uns com os outro nas redes sociais, porque gostamos dos conteúdos que os nossos amigos partilham, mesmo que sejam classificados como parvos, foleiros ou maus por uma entidade virtual - cuja personificação, diz-me a minha imaginação, é um chimpanzé, que recebe uma banana por cada meme ou qualquer outro “mau conteúdo” que penalizar.

O que é fundamentalmente idiota nesta história é que o mau conteúdo é criado e partilhado pelos utilizadores, especialmente quando as redes sociais passam a ser do domínio das massas. Querem exemplos concretos? As imagens com gostinho vintage do Instagram deram lugar à massificação de más fotografias de pés ou mixórdias culinárias que nem um cão comeria; a elevada qualidade dos pins inspiracionais do Pinterest foram substituída por produtos artesanais de aspecto duvidoso e remakes infinitos de citações com má tipografia.

Num mundo perfeito, todos os utilizadores de uma rede social teriam uma cultura visual acima da média e um talento nato para a fotografia e edicão de imagem/vídeo; a realidade é bem diferente e, sinceramente, estou curioso para ver qual será o resultado desta actualização do Facebook. Se dependesse de mim, deixava os memes multiplicarem-se como coelhos e criava um algoritmo para penalizar os erros ortográficos, a má gramática e a falta de etiqueta digital que tanto abunda nas redes sociais.


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