30 julho 2014

Há mais na NOS e não é bom senso

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A minha relação com a NOS encontra-se num limbo carregado de amor-ódio. A mega fusão entre a Optimus e a Zon não me fez grande mossa, excepto pelo aborrecimento e suspiros de impaciência largados pela sobrexposição ao spot de televisão e respectivos derivados. A minha mudança para a Optimus foi motivada pela noção clara que, naquele exacto momento e de todos os operadores móveis em Portugal, era o único que me oferecia tarifários decentes a preços minimamente acessíveis - mais ainda, considerando as condições adicionais que me ofereceram para largar, sem dó, piedade ou pudor, uma relação de longa data com a concorrência.

A fusão foi anunciada, as lojas redecoradas, os spots lançados em repeat all três vezes e, de repente, passamos todos a fazer parte da grande família NOS. Família sem aspas: elevei a NOS ao estatuto daquele tio com quem não nos damos assim tão bem e que podia não ter estragado o Natal - bastava que não tivesse bebido aquele último cálice de vinho do Porto. Nas últimas semanas, sem grandes exageros, tenho sido bombardeado (e pelas impressões trocadas com outras pessoas, não fui o único) por uma oferta infindável de promoções imperdíveis, materializadas pelos telefonemas insistentes e inconvenientes do exército de drones da NOS que, e dando a mão à palmatória pela teimosia ou persistência (consoante o grau de floreado que se consiga aguentar), simplesmente não desistem. Seria de esperar que, dando permissão para gravar os telefonemas, alguém se desse ao trabalho de perceber que, do outro lado (ou seja, deste), está um consumidor informado que não quer subscrever o tudo-em-um que se espera de um champô milagroso para combater a caspa. Seria também de esperar que na era da informação centralizada, alguém se desse ao trabalho de anotar que este cliente tem necessidades claras e expressas em português corrente, desejando ser incomodado apenas quando a oferta for adequada ao seu “perfil” - agora com aspas, por me parecer adequado e na eventualidade de alguém ler isto (faço figas mas espero sentado), que se ganhe um pouco de vergonha em gastar o jargão do marketing com conceitos obviamente mal apreendidos. 

Confesso que me assusta um pouco a agressividade dos contactos, e a insistência dos operadores. Confesso, também, que não me surpreende assim tanto, numa altura em que todos os cêntimos contam e se disputa a liderança de mercado. Poderíamos apenas ser mais inteligentes, fazer um melhor uso das ferramentas que dispomos e não tratar todos os clientes como se fossem amebas ou alunos do ensino especial, facilmente deslumbrados pela poupança mensal de 1 ou 2 euros. Gostava de ser cliente Optimus porque não me chateavam muito e porque, revisitando o cliché da liberdade pessoal, entendiam que não é não. A NOS, por outro lado, acha que não é talvez e que o novo trunfo das vendas é vencer o cliente pelo cansaço. Por esta altura, já ando a tentar perceber quando é que termina a minha fidelização, que outras opções tenho disponíveis e se será possível, com o mínimo de assertividade permitido por lei, fazê-los perceber que não me apetece continuar a permitir esta invasão constante do meu tempo. Poderia, também, ir chatear o community manager da página de Facebook da NOS, mas nutro alguma simpatia pelas pobres almas que se tornaram a primeira linha de defesa contra a raiva desgovernada das hordas de consumidores enfurecidos. 

NOS, sem acento para reforçar o trocadilho, estamos no mau caminho. Talvez se averigue, mais tarde, a razão de uma possível debandada, especialmente se por aí andar uma concorrência mais atenta e com dois neurónios ligeiramente mais activos. 

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