2013 - A Year in Review from Facebook Stories on Vimeo.
um pequeno espaço cheio de grandes ideias
Quais as principais razões que levam as pessoas a deixar o Facebook? Neste artigo, publicado no P3, a lista é encabeçada por preocupações com a privacidade, seguindo-se a inevitável insatisfação com a superficialidade sentida nas relações virtuais e o tempo despendido na rede social - ainda que pouco representantivo (dada o número reduzido de inquiridos) sugiro a leitura do estudo completo, que podem encontrar aqui.
A questão da superficialidade das relações virtuais é muito interessante, representando um problema complexo criado pela facilidade com que podemos criar uma personagem virtual que, mais que uma extensão, é, em muitos casos, uma tentativa de reinvenção do 'eu' real. Não é um fenómeno exclusivo das redes sociais mas sim do meio online, que tem permitido (praticamente desde que se tornou parte integrante de uma rotina diária), a muitas pessoas viverem a vida que sempre idealizaram.
Nos últimos tempos, a taxa de mudanças e actualizações do Facebook tem sido alucinante. Mal nos habituamos a uma funcionalidade, surge outra nova, se achamos que já conhecemos as regras, na semana seguinte muda tudo outra vez. Esta política de tentativa e erro é, para manter o tom do texto educado, uma tremenda dor de cabeça para quem gere páginas de Facebook. Talvez o objectivo seja esse, manter os social media managers em permanente estado de alerta, sempre prontos a saltar pelo aro ao mínimo estalido do chicote.
Um dos últimos anúncios feitos pelo Facebook diz respeito à actualização do algoritmo do feed de notícias que, através de uma análise factorial, irá garantir que o conteúdo de qualidade tem sempre prioridade em termos de visibilidade (podem ler mais aqui). Uma boa notícia? Na teoria sim mas, na prática, custa-me um pouco a perceber se um pedaço de código, por mais sofisticado que seja, conseguirá perceber se o conteúdo que me está a chegar, neste momento, tem qualidade suficiente para me fazer interagir com ele ou, até, se é merecedor de dois segundos de permanência no meu feed de notícias.
Não sei se é da época de férias mas parece-me que está a aumentar a tendência para publicar artigos que demonstram a relação entre uma série de maleitas psíquicas e as redes sociais - com especial ênfase para o Facebook, conforme podem ler aqui. A ansiedade, a inveja e a competição desmedida continuam a liderar a tabela mas, certamente, a lista ainda tem espaço para crescer bastante nos próximos meses.
As redes sociais digitais trouxeram-nos inúmeros benefícios, contando-se entre os mais importantes a possibilidade de contacto e interacção entre redes sociais fragmentadas, reflexo de uma globalização imposta à força que nos levou a redefinir as dinâmicas sociais e a forma como nos relacionamos. A semelhança entre as histórias não é pura ficção: todos temos um amigo que foi para longe e com quem mantemos contacto através do Facebook, a interacção que era quase diária é substituída por meia dúzia de Likes, uns quantos comentários e, com sorte, um almoço anual que coincide com uma visita de médico à pátria saudosa.
Numa reunião, um cliente diz-me que o valor do orçamento para um website é demasiado elevado. «Arranjo quem o faça por 500€!», sem disfarçar o orgulho que sente em tamanha proeza.
«500€? Com jeitinho, arranjo quem o faça de graça, desde que consiga viver com a certeza que, no dia em que surgir o primeiro problema, não terá ninguém do outro lado para o solucionar.»
Moral da história? Bom, bonito e barato é o equivalente empresarial de um unicórnio reluzente.
Quando comecei a levar isto das redes sociais mais a sério (exigências da profissão), decidi adquirir o Socialite, uma aplicação muito interessante pensada para todos os que gostam de estar em vários sítios ao mesmo tempo. Acompanhar os tópicos do momento e disparates aleatórios no Twitter, estar em contacto com os amigos no Facebook, comentar uma foto no Flickr e receber as últimas actualizações dos meus blogs preferidos, tudo sem sair da mesma janela, foi, sem dúvida, o ponto mais forte que me fez ficar fiel ao Socialite. No entanto, utilizar uma ferramenta deste género mostrou-me que, quando alguém partilha uma enxurrada de conteúdos (como as 150 fotos tiradas no aniversário da filha ou os 30 tweets de um acordar difícil - fruto, digo eu, da sensibilidade digital de uma carrinha de caixa aberta!), a probabilidade de entrarmos em pânico por excesso de informação aumenta exponencialmente.
Gostava de dizer que isto é uma metáfora mas a realidade é que, sempre que sou confrontado com uma postura burocrática, sinto mais ou menos os mesmos sintomas que surgem com uma ressaca: azia, má disposição, dor de cabeça e irritabilidade.
A burocracia é impeditiva e restringe. Impede-nos de mudar a morada num banco com um simples clique (num sistema protegido por códigos e algoritmos de segurança) e obriga-nos a carregar rua abaixo uma montanha de papelada e levar, no colo, três testemunhas idóneas. Bloqueia, de forma imperceptível e automática, o pensamento criativo, aquela sequência de pequenos passos que tornam um problema impossível numa solução viável para o cliente.
{Dúvidas? Sugestões? Fiquem à vontade para se fazerem ouvir nos comentários!}