27 agosto 2013

O Facebook é o pai de todos os males!

Deixe um comentário

Não sei se é da época de férias mas parece-me que está a aumentar a tendência para publicar artigos que demonstram a relação entre uma série de maleitas psíquicas e as redes sociais - com especial ênfase para o Facebook, conforme podem ler aqui. A ansiedade, a inveja e a competição desmedida continuam a liderar a tabela mas, certamente, a lista ainda tem espaço para crescer bastante nos próximos meses.

As redes sociais digitais trouxeram-nos inúmeros benefícios, contando-se entre os mais importantes a possibilidade de contacto e interacção entre redes sociais fragmentadas, reflexo de uma globalização imposta à força que nos levou a redefinir as dinâmicas sociais e a forma como nos relacionamos. A semelhança entre as histórias não é pura ficção: todos temos um amigo que foi para longe e com quem mantemos contacto através do Facebook, a interacção que era quase diária é substituída por meia dúzia de Likes, uns quantos comentários e, com sorte, um almoço anual que coincide com uma visita de médico à pátria saudosa.

A notícia em tempo real tornou-se parte do nosso quotidiano e, quase num piscar de olhos, passou a existir uma maior proximidade entre vidas que, de outra forma, seriam remetidas para o campo das lembranças e dos encontros fortuitos. No entanto, a partilha incessante e o contacto constante com a vida alheia começa a fazer mossa, deixando um sabor amargo na boca sempre que alguém publica mais uma foto das férias ou daquele momento tão especial com a cara metade. Qual será, realmente, o problema? Que as redes sociais estejam a tornar as pessoas infelizes ou, por outro lado, que apenas estejam a contribuir para a progressão exponencial da infelicidade reprimida

Os distúrbios associados à inveja são, provavelmente, tão antigos como o mundo, e a única coisa que mudou foi que, hoje em dia, já não temos de espreitar pela cortina para ver que há uma vida melhor do outro lado da cerca! As redes sociais são um meio, não o problema. Se são a receita para a infelicidade, a cura é bem simples: apagar todas as contas e deixar de existir no mundo digital. Claro que, desta forma, não poderemos mais espreitar as últimas novidades daquela amiga que tem uma vida tão perfeita. O que nos leva a outra questão: será que tem? Ou, simplesmente, escolhe partilhar com o mundo apenas o cor-de-rosa da vida, deixando a miséria negra a marinar entre quatro paredes, numa dimensão offline fechada ao exterior?

A expressão “redes sociopatas”, criada e mantida com carinho pela Fátima Rolo Duarte (autora do fworld), torna-se, neste contexto, cada vez mais apropriada. Porque é para isto que caminhamos: sociopatas em fermentação, recheados por pensamentos de grandeza ilusória e fama instantânea, que preferem ser miseráveis por comparação, resignados com a ideia que a felicidade se compra em frascos de vidro reciclado e não tem de ser construída, um passo de cada vez.

0 comentário(s) :

Enviar um comentário